Brasil soma 5,4 milhões de pessoas com a 2ª dose de vacina atrasada
Levantamento encontrou ainda uma série de problemas no cadastro de vacinados contra covid

Guilherme Resck
Mais de 5,4 milhões de brasileiros estão com a segunda dose de vacina contra a covid-19 atrasada, considerando apenas aquelas fabricadas pelo Instituto Butantan (CoronaVac) e a Fiocruz (Oxford/AstraZeneca), segundo um levantamento realizado pelo Laboratório de Estatística e Ciência dos Dados da Universidade Federal de Alagoas (LED/UFAL) -- dentro do projeto ModCovid-19 -- com base em informações disponibilizadas pelo Open Data SUS até 24 de maio.
No dia 13 de abril deste ano, a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, alertou que o país somava 1,5 milhão de pessoas que não haviam recebido a segunda dose dentro do prazo. Dessa forma, o número triplicou em pouco mais de um mês. Considerando apenas a CoronaVac, diz o levantamento do LED, são 4.017.709 de brasileiros em atraso para ter a imunidade completa contra o novo coronavírus. Já dentre aqueles que tomaram a primeira unidade da vacina de Oxford/AstraZeneca, são 1.407.712.
A pesquisa mostra que foram aplicadas 56.385.101 doses de imunizantes da covid desde o início da campanha, sendo 38.263.014 como primeira e 18.122.087 como segunda. No ritmo atual, estimam os pesquisadores, a vacinação contra o Sars-CoV-2 será concluída no Brasil em 24 de outubro de 2022. Para chegar aos resultados -- que são atualizados com frequência no chamado Painel da Vacinação Covid-19 --, porém, eles tiveram que tratar uma série de erros encontrados na base de dados do Ministério da Saúde sobre a imunização.
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Entre as inconsistências, estavam 610.516 registros duplicados; 923 pacientes com número de identificação igual mas com dados (como data de nascimento e sexo) diferentes; 6.868 vacinados em datas anteriores ao início da campanha de imunização e que não participaram dos estudos das vacinas; 6.376 pacientes com data de nascimento no século XIX; 741.320 pacientes com registros apenas da segunda dose; e 34.040 com segunda dose antes da primeira. Segundo o LED, os problemas podem, por exemplo, "gerar diferenças enormes entre o número de vacinados com primeira ou segunda dose".
O coordenador do LED, o professor Krerley Oliveira, pontua que o objetivo do levantamento é "tratar a informação que o Ministério da Saúde está fornecendo para entender a vacinação". O SBT News entrou em contato com a pasta para pedir um posicionamento a respeito das descobertas, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.
Veja nota enviada pelo Ministério da Saúde após a publicação da matéria:
O Ministério da Saúde informa que, na última sexta-feira (14), os dados no OpenDataSUS foram atualizados. Os registros no sistema são monitorados, com o objetivo de garantir a integridade das informações da base federal, e os estados e munícipios são responsáveis por abastecer o sistema, que são atualizados em até 24 horas. As informações mais atualizadas estão disponíveis no Localiza SUS.
A pasta informa ainda que a campanha de vacinação contra a Covid-19 utiliza o Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou o Cartão Nacional de Saúde (CNS) como identificação do imunizado. No momento do registro das informações no OpenDataSUS, o CPF é vinculado a um ID - o que garante a proteção dos dados do cidadão.
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